Caro Camarada Alípio,

Muitos têm sido os camaradas que me têm interpelado nos últimos tempos, questionando as razões que motivaram o meu apoio a um candidato que, sendo responsável pela actual Comissão Política, não conseguiu dinamizar e preparar a estrutura partidária para as eleições autárquicas do passado próximo.

Muitos desses camaradas são da opinião que, caso me recandidatasse, certamente conquistaria a presidência do órgão máximo concelhio. Contudo, sei que a tua eleição estava armadilhada desde o princípio. Eras um candidato a prazo, o que te impossibilitou de alcançar os resultados desejados.

Registo o esforço que despendeste para dar um novo rumo ao partido no Concelho de Cascais. Não era possível fazer melhor, tendo em conta as condições objectivas e subjectivas da tua eleição.

O Partido Socialista de Cascais padece de uma espécie de monarcolatria. Cascais não precisa de um monarca, pois já basta o que temos na câmara municipal. O PS Cascais precisa de ser mais actuante e interactivo com a sociedade, capaz de criar um clima de confiança que lhe permita granjear o respeito do eleitorado de outrora, dos órgãos nacionais e, sobretudo, dos militantes. Para que tenha êxito nas eleições de 2013, o PS de Cascais precisa de uma transformação radical, caminhada na qual todos são necessários.

Abdiquei de ser candidato à Comissão Política, pois os egos não podem ser um entrave ao sucesso de um projecto maior.

Se muitos camaradas não olhassem só para o seu umbigo, talvez a actual conjuntura política cascalense fosse diferente.